Tenham amor pelo ansioso



1. 

Você faz uma entrevista de emprego. A entrevista é em uma quinta-feira. "Te dou o retorno amanhã", diz o RH. Você passa a sexta-feira toda esperando uma ligação que diga que a vaga é perfeita para você - coisa que você já sabe, mas precisa ouvir.
Dá quatro da tarde. Cinco. Sua animação até queima o estômago. Seis horas. Fim do expediente. Vai ser um longo e angustiante fim de semana.

2.

Você sonha com uma viagem. Um intercâmbio. É isso! Você fica ansiosa pelo quinto dia útil só para ver os números na poupança aumentarem. Você sequer sabe para onde pode ir e isso atiça sua mente de tal forma que ela não para um segundo, criando uma paixão avassaladora por pelo menos uma cidade por dia. Faltam, no mínimo, seis meses para que você possa embarcar nessa.
De novo, o estômago.

3.

Ele (ou ela) te chama para sair. Você arrasta um caminhão por essa pessoa. Você fica desesperada com o encontro no sábado à noite porque ainda é terça-feira.

OU

Vocês estão saindo há algum tempo. Você sabe que o sentimento é recíproco e que algo mais sério pode surgir. Toda mensagem, conversa ou ligação pode ser o momento: "Ele (ou ela) vai pedir! Tem que ser agora". Então ele te oferece um sorvete e sem ouvir direito, você diz o "sim" mais emocionado da sua vida.

4.

Você se emociona ao pensar no seu futuro e ao criar o plano perfeito para os próximos anos da sua vida sem saber, de fato, quando é que vai trocar de emprego, fazer aquela pós-graduação maravilhosa, ser promovido, dar entrada naquele apartamento numa localização massa ou viajar com o namorado(a) de carro... sem sequer saber dirigir.


Se eu não me identificasse com cada um desses itens, como canta Clarice Falcão, "não seria eu". Por isso, senhoras e senhores, tenham amor pelos ansiosos. Salvem estômagos! É muito ruim, pelo menos pra mim, não poder ter o controle de tudo. Esperar respostas e resultados, então, é quase como pagar meus pecados: nada pior do que a indefinição, o não saber o que vai acontecer, não poder planejar o próximo passo.

Não que a vida seja planejável e coisa e tal. Mas né? O básico poderia entrar na categoria "é obrigatório acontecer". Esperar, além de me deixar presa a algo que pode vir a nem existir me dá uma vontade de pedir "por favor, deixa eu resolver issaê por você".


Texto escrito por Fran Carneiro do blog Meu Palanque.

Espero que tenham gostado (e se identificado) tanto quanto eu.
 Com carinho, Lua.

Comentários

  1. Olá Luana!

    Muito obrigada pelo comentário no blog e fico muito feliz que tenha gostado do texto. Agradeço ainda mais por você ter me dado os créditos dele no final!
    Só queria pedir, caso você saiba/veja mais alguém reproduzindo um trecho ou ele na íntegra, por favor, me avise, tudo bem? Só pra eu ficar de olho mesmo rs.

    No mais, espero voltar mais vezes aqui, agora que estou voltando pra blogosfera!

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  2. Olá Fran! Eu que agradeço pela autorização pra publicar e fico feliz por vc ter vindo aqui e gostado. Volte sempre que quiser :)

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