Eu?


Por que você é assim? Digo, assim, desse jeito teu. Por que você age do jeito que age? E pensa do jeito que pensa? É porque você realmente acredita que deve ser assim ou porque alguém te falou que esse era o jeito certo de ser?
É fácil ser engolido vivo pelo que já vem pronto. Pelo que dizem que o que é, é e ponto. Desde quando você perdeu a curiosidade de descobrir tua verdade sozinho?
É fácil ser engolido pela cidade, pela rotina. É fácil cair no modo automático da vida e nem perceber. É fácil fazer coisas sem nem saber o porque de estar fazendo. Você só faz, mas nem se pergunta se realmente quer ou deveria estar fazendo aquilo, ou se na soma final vai te trazer algum tipo de recompensa. A recompensa da alma, digo, do tipo que a gente leva consigo independente pra onde se vá. Nada que dê pra carregar com as mãos.
É fácil cair na cultura do medo. De se fechar pro mundo, pra vida. É mais seguro enfiar a cabeça em outro lugar que não o aqui e agora. A gente tem medo de ser a gente, de ser espontâneo. De viver o presente, de olhar no olho do outro por muito tempo. Temos medo das reações, das expressões, de alguma insatisfação alheia tocar nossa bolha de insegurança.
Dá medo de não ser aceito, de ser recusado, de ser esquecido. Dá medo de cumprimentar a moça do caixa do supermercado e não receber um bom dia de volta. Dá medo de dar trela pro cara que vem jogar conversa fora contigo no ponto de ônibus.
Dá medo de andar na rua, aceitar uma carona, topar um programa que só vão os amigos do seu amigo que você nem conhece porque “o que você vai fazer diante de tanta gente nova?”. Ser você mesmo? Melhor usar um monte de acessórios pra cobrir sua verdadeira personalidade, assim você não se expõe tanto.
A gente esquece que dá pra pular toda aquela etapa de jogos misteriosos e ir direto às nudes. Nudes de personalidade, sabe? De abrir o peito e falar no primeiro momento: esse sou eu. Eu, de cara limpa, na minha forma mais pura, do jeito que escolhi ser, porque vivi, pensei e trabalhei pra chegar nesse resultado. Não porque eu vi na tv ou na internet. Não porque minha mãe falou que se eu não fosse assim, estaria errado. Não porque minha religião me mandou agir dessa forma. Não porque as pessoas a minha volta me compeliram a ser desse jeito.
Quando é que você vai se libertar, heim? Quando é que você vai se dar conta que uma hora o tempo acaba pra todo mundo? Vai passar a vida toda sendo outra pessoa? Ou vai aproveitar o tempo que tem pra mostrar o que realmente tem dentro de ti.
Texto de Giovanna do blog Radioactive Unicorns.

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