Eu não sei dosar

Eu não sei dosar. Não sou das pessoas que consegue se entregar aos poucos, verificar o solo, dar um passo de cada vez olhando para os lados para ter certeza de que é seguro. Eu até vou olhando pros lados, dando passos pequenos por medo do caminho novo e desconhecido, mas assim que o caminho me agrada eu corro feito bicho solto no habitat natural, achando que ali é meu lugar e que eu sempre estive ali de alguma forma. Doce engano.
Eu não sei ao certo quando começo a acreditar que aquela sempre foi minha realidade, mas o que acontece é que eu começo a esquecer como a minha vida era antes e parece que a partir daquele momento a minha vida começou de novo. Isso parece lindo, afinal recomeços são bons porque nos dão novos sonhos e novas perspectivas. Mas e quando você se perde e fica confusa demais pra se lembrar de quem você sempre foi e nunca quis deixar de ser? E quando você não sabe  mais onde você gosta de ir ou que fazia nas horas vagas porque simplesmente não se lembra pois sua vida parece girar em torno de uma coisa só?
Isso parece doentio.
A cada esquina que se cruza não deve se perder um pouco, mas ganhar um pouquinho mais de si mesmo. Se conhecer, se firmar em quem você é. Saber que independente do lugar, pessoa ou circunstância sua essencia continua a mesma.
Acho que deve ser sobre isso que se usa tanto o termo "equilíbrio". É saber dosar o quanto se doa e o quanto se ganha em cada coisa da vida. Talvez seja disso que eu precise, pra organizar a vida e não ser tão intensa.
Continuar amando e amando de verdade, sentindo o que tem que ser sentido e vivendo o que a vida prepara, não fazendo com que cada passo da vida seja visto como um ponto, mas como uma vírgula pra mostrar que faz parte e não acaba ali.

Lua.

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