Porque você ama a antiga igreja?


Sempre que converso sobre igreja as pessoas perguntam porque amo tanto a minha antiga igreja, isso acontece com frequência comigo, aqui no seminário eu sou a única que vim de outra denominação.

Parando para pensar nisso eu tenho uma resposta simples: Nada.

Ela não tem absolutamente nada que me prenda, nem um amigo inseparável que se sentava comigo todo culto, não fazia parte de nada significativo ou visível, não tive pais espirituais e pessoas que me acompanharam de perto que me façam sentir em casa lá; muito pelo contrário. Passei praticamente um ano da minha vida indo todos os cultos absolutamente sozinha, sem um amigo para conversar depois do culto ou um familiar para ir comigo, e muitas vezes pessoas que me conheciam nem me cumprimentavam, e tá tudo bem.

Na época passei por um período muito difícil e me sentia muito sozinha, mas eu sabia que o propósito de eu estar ali não eram as pessoas, mas o Senhor. Por muito tempo orei pedindo amigos para Deus até chegar ao ponto de ir à igreja chorando num culto de sábado fazendo uma daquelas orações que a gente faz no momento do desespero (sim, eu já fiz isso com muita frequência - e ainda faço).

Lembro que nesse bendito dia minha vida estava arruinada, meu coração quebrado e sem esperança, então eu disse em meio aos soluços "Deus, eu não aguento mais ir para a igreja sozinha, eu não tenho um amigo e a minha família continua se perdendo no mundo enquanto eu pago o preço sozinha, eu não aguento mais, se for para sofrer e morrer de solidão prefiro fazer isso em casa, essa é a ultima vez que vou naquele lugar".

Eu amava a igreja, sempre amei. Desde os  meus 6 anos de idade sempre me enfiava em qualquer programação da igreja fazendo o que quer que fosse só pelo prazer de estar na casa do meu Senhor.

Então cheguei naquele lugar escondendo o rosto inchado de tanto chorar sem querer ver ninguém, mas sabia que ninguém falaria comigo, então me sentei na ultima fileira das cadeiras e chorei durante a palavra inteira me despedindo comigo mesma daquele lugar que eu amava tanto.

De repente na hora da oração final quando todos ficaram de pé permaneci sentada, então alguém chegou atrás de mim, colocou as mãos sobre os meus ombros e começou a orar. E eu continuei chorando como se não houvesse amanhã.

Ninguém nunca vinha orar por mim, porque logo naquele dia alguém tinha que me notar?

Terminando a oração, olhei para trás e percebi um rosto conhecido, que me disse com um sorriso me abraçando "Desde que você chegou eu senti de orar por você.. O Senhor manda te dizer que Ele está contigo e foi Ele quem te colocou nesse lugar, essa é a sua casa. Ele me trouxe à memória o momento em que Moisés vai para o monte orar enquanto Josué luta contra os amalequitas, o povo ganha a guerra enquanto Moisés fica de mãos erguidas, mas uma hora ele cansa. O Senhor mandou para ele dois amigos para fazer com que Moisés continuasse com as mãos erguidas para que a guerra fosse ganha, e você está assim hoje, mas o Senhor me diz que você não está sozinha nessa, e eu sou uma dessas amigas que o Senhor está enviando para ajudar a segurar as suas mãos quando você estiver cansada" (Êxodo 17).

Como eu podia manter a minha palavra de que não voltaria àquele lugar depois de uma resposta tão linda? Eu não tinha conversado com absolutamente ninguém e o Senhor respondeu tantas coisas num dia só.

Depois desse dia eu continuei indo sozinha para a igreja, mas sabendo que Ele estava comigo e que aquele era o meu lugar naquele tempo. Não foi fácil permanecer, mas o Senhor trabalho na minha vida de forma única e continua fazendo sempre que vou lá. Fui lá na semana passada enquanto estava de férias e tive experiências incríveis com o Pai tão íntimas e únicas que as pessoas não conseguem entender.

O meu caso de amor com a antiga igreja vem de um tempo de dor e solidão onde o único que eu tinha era o Senhor e Ele foi tudo o que eu precisava. Como a tia Shirley disse uma vez para mim "minha filha, eu faço parte dessa igreja porque vejo Jesus aqui, e enquanto eu vê-lo continuarei aqui, porque é Ele que eu quero". Eu vejo Jesus lá e continuo amando aquele lugar que foi tão usado por Deus para me fazer mais forte.

Hoje não faço mais parte daquela igreja, estou atualmente do outro lado do país, mas continuo a amando pelo que o Senhor fez na minha vida e admirando o trabalho daquela igreja que como todas as outras não é perfeita, mas que tem a marca de Cristo.

Gratidão ao Senhor pelo tempo de luta que me preparou para viver coisas muito maiores.

Com amor, Lua.

Ah, e hoje eu tenho amigos lá!
Nem todos são dela, mas o bonde sempre se encontra lá! 

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