mudando de casa e de vida



Deixamos o tempo passar até não sobrar mais escolha, nós precisávamos montar as caixas para carregar o caminhão que chegaria às 9h da manhã do domingo, e agora, sexta a noite teriamos que correr para desmontar a casa e fazer caber tudo que importava para levar. Aquela corrida contra o tempo começava trazendo toda ansiedade que eu segurei até quando pude sabendo que ela explodiria. E claro, explodiu numa crise que me fez chorar de soluçar sem conseguir respirar e nem saber por onde começar. Respirei e repeti como mantra: é só respirar e começar! E assim foi, respirei e comecei, me perdi, desesperei e comecei de novo respirando fundo. 

Acontece que existe uma excitação na mudança que chega com a novidade e se esvai na mesma hora quando o ansioso transforma em medo. O medo da mudança pode nos parar, desesperar e até fazer desistir do que é uma possibilidade de mudança de vida, mas o desconhecido sempre vem com o caminho escuro que nos engole pelo medo antes de percebermos que é só um túnel que nos leva ao outro lado com uma vista nova. 

Fico pensando em como seria minha vida se eu não tivesse tido força para atravessar esses túneis da vida que me trouxeram até aqui, provavelmente na mesma vida que eu me via presa e sem esperança naquele lugar, naquela cidade, naquela empresa, naquele relacionamento, naquela vida que eu me deixava ficar presa por não conseguir encarar o desconhecido que me assustava. 

E agora depois de tantas mudanças, de emprego, de carreira, de estado, de casa, e de tantas outras coisas, me pego sufocada pelo medo de novo, como se fosse a primeira vez, porque nesses momentos a gente não consegue ver pelo que passamos e nos tornamos, apenas nos agarramos ao que temos/somos agora e o que meche nessa estrutura é encarado como ameaça. 

Longe de mim diminuir a dor e sofrimento que as pessoas enfrentam em suas vidas, mas eu gostaria de ser menos dolorida. De encarar as mudanças com mais leveza e tranquilidade, sem colocar meu coração naquele lugar sufocante que eu coloco sem querer e sem colocar meu sono em cheque, porque ele sempre é sacrificado, só por me tirar do que já estava acostumada. 

Acontece que o costume pode consumir o nosso desejo de viver, e então nos vemos presos pelo que nós mesmos escolhemos pelo simples fato de ter nos acostumado e não termos coragem de colocar o pé enquanto Deus nos diz que Ele vai mostrar o caminho (João 14.6 / Salmo 119.105). 

E que besteira, pra mim, pensar que agora que as caixas estão quase todas vazias, quase todas as coisas no seu novo lugar, e já não estranhando mais o cheiro do lugar que me vejo dormindo e acordando agora, ter passado por um segundo o medo de estar fazendo a coisa errada abrindo mão daquilo que eu já tinha acostumado, olhando ao redor, apreciando a nova paisagem e agradecendo a Deus por não ter me deixado parar quando isso passou pela mente, afinal Ele sabia que o novo cenário seria o local de tantas coisas novas incríveis que estão vindo agora. 

Essa música embalou meu processo de mudança, que seja benção pra você como foi pra mim.

Com amor, Lua. 



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